Lembro quando a gente se encontrou naquele pequeno espaço de tempo, achando que duraria para sempre, quase uma eternidade. Lembro que colocamos dentro da gaveta todos os nossos medos e inseguranças. Jogamos sobre a mesa todas as nossas vontades absurdas e seguramos firme com nossas mãos tudo aquilo que fazia queimar, tudo aquilo que fazia arder, tudo que fazia rasgar, sangrar, quebrar, espatifar, estilhaçar.
Jogamos tudo.
Você me disse que era segura a entrega e que depois disso tudo, seria fácil me remontar da forma mais bonita e segura que qualquer pessoa já conseguiu.
Me joguei sobre sua cama e senti meus medos irem e voltarem, conforme você me tocava, entrando e saindo de mim, da maneira mais absurda e dolorida que eu já havia sentido antes. Você me colocou de costas e disse que era melhor assim, porque o que os olhos não veriam, eu não sentiria.
Mas eu senti
Senti muito
Senti você sobre mim e me pressionar, colocar todos os seus dedos na minha boca e dizer: "calma"
Seus dedos entravam
E minha alma saía
Quanta dor eu sentia
Você sequer me perguntou como aquilo me destruía
E só me usou
Tudo o que restou, tudo que quebrou, eu tentei reconstruir, desde o dia em que a gente transou e você não quis saber mais nada sobre mim.
"Tudo bem" eu repeti todas às vezes em que meu corpo lembrou de cada pedaço que você quebrou de mim e eu não consegui reconstruir.
Vai passar, vai fluir...
E a vida vai me fazer entender que apesar da destruição, vou conseguir resgatar cada pedaço, cada pecinha, cada tijolo do meu corpo que você fez desmoronar, derramar, despedaçar...
E SANGRAR.